O bem-estar da organização é também parte activa
Quando o tema em cima da mesa é a felicidade ou o bem-estar o pensamento imediato é focado nas pessoas. Isso é bom. Mas insuficiente. Tendemos a esquecer, ou não considerar, que o patrão ou gerente ou administrador também é uma pessoa. E nem nos lembramos que o bem-estar da organização é também parte activa da equação que dá o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Tempo, Investimento e Processo são assim três variáveis que temos que considerar vistas de ambos os lados.
As empresas também investem, também acertam e também falham. Vejamos o lado oposto com um caso prático.
Numa empresa que conheço, e que por uma questão de reserva não mencionarei o nome, a equipa de gestão, ciente da importância e preocupada com as pessoas, investiu alguns milhares de euros em formação e treino para os seus quadros. Deu acesso a formadores nacionais e internacionais de inegável qualidade e gabarito nas suas áreas técnicas de actuação para garantir boa capacitação em competências técnicas e sociais/emocionais. Outro tanto foi investido em equipamentos e outras condições materiais para que os seus quadros tivessesm tudo o que tinham solicitado à gestão e pudessem assim atingir os objectivos a que se propunham.
A par disto a empresa, de acordo com evidências que apresentou, teve o cuidado de remunerar bem acima da média pois queria que todos tivessem conforto. E pagou de igual forma a quem, estando em situação familiar difícil, quis iniciar cooperação com a empresa.
Feito o investimento foi o tempo de envolver as pessoas num plano de crescimento que tinha ambição (a empresa ousou não pensar pequeno, o que assustou algumas pessoas ou, pode ser também assim considerado, relevou a dimensão e medos de cada um). Era um plano onde os quadros tinham liberdade e responsabilidade, que requeria cooperação e acção onde todos foram considerados igualmente e com a possibilidade de auferirem uma boa maquia anual.
O plano, ambicioso mas perfeitamente exequível, implicava trabalho, dedicação e lealdade. Este foi um momento de viragem.
Ao verificarem que para atingir os resultados, cuja remuneração claramante lhes agradava, era preciso trabalhar e quebrar alguns paradigmas, alguns quadros revelaram-se tendo tido atitudes de intencional prejuízo para a empresa e actos contrários à ética pessoal e profissional. Tiveram medo.
O medo paralisa e pode condicionar as nossa decisões. Se consideramos que não somos capazes, ou seja, se nos auto-limitarmos, então vamos definhar, ficar assustados e presos numa visão de curtíssimo-prazo. Tal conduz a procurar encontrar desculpas e culpas para a nossa falha (de pensamento pequeno). Uma consequência possível é procurar imputar a outros as nossas falhas.
Foi uma clara perda por colaboração, como afirmou há umas semanas, na décima edição do DDC, evento organizado pela Samsys, um dos oradores, o Pedro Silva. De forma resumida a perda por colaboração significa que cada um, na verdade, faz cada vez menos e, obvia e naturalmente, os resultados são cada vez piores. Paralelamente aumenta o descontentamento e o afastamento. Ou seja são as próprias pessoas que, num discurso mais coloquial, dão “tiros nos pés” delas e da equipa. À medida que fazem cada vez menos, (ou pior, ou com mais desperdício associado) somente garantem que o objectivo se torna mais difícil e aumentam o seu grau de insatisfação e de cumprimento. Em última instância põe em causa o seu próprio nível de competência técnica e pessoal.
Ou seja, quando era a empresa a investir e dar tudo estava bem. Quando as pessoas foram chamadas a fazer igual…
O bem-estar corporativo, como se constatou na CORPORATE WELLBEING CONFERENCE, acontece quando os dois lados, pessoas e empresa, se unem e partilham doces e dores, quando ambas as partes trabalham e invistem. O potencial de crescimento e progresso que esta forma de estar na vida e nos negócios tem é enorme e simples e há provas dadas.
Por isso é importante mantermo-nos alerta para podermos ajudar as pessoas que têm pensamento pequeno a não ficarem presos nos seus medos e a tornarem-se um problema para elas e para os outro.
Está a pensar pequeno?!